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 Sep 23

Aliança Bike e Embaixada da Dinamarca promovem fórum sobre o futuro do mercado


Entidade coloca em discussão durante a semana da mobilidade urbana temas da bicicleta, como infraestrutura, indústria, varejo e elétricas

Na manhã do dia 21 de setembro, no Mobilab, localizado no centro histórico de São Paulo, a Aliança Bike organizou junto com a Embaixada da Dinamarca no Brasil o Fórum "O Futuro do Mercado de Bicicletas", que contou com o apoio da Ciclocidade e MateBike. A plateia de cerca de 70 pessoas acompanhou os debates das três mesas, que foram precedidos pela apresentação dos resultados da Pesquisa Anual de Comércio Varejista de Bicicletas (2019). Indústria, varejo, tributação, aumento da infraestrutura cicloviária e bicicletas elétricas foram o centro das discussões.

©Eduardo Santos

Fórum O Futuro do Mercado de Bicicletas foi organizado pela Aliança Bike conjuntamente com a Embaixada da Dinamarca contou com a participação de 70 pessoas, no Mobilab, no centro histórico de São Paulo


Temas como Indústria, varejo, tributação, aumento da infraestrutura cicloviária e bicicletas elétricas foram o centro das discussões


Daniel Guth, da Aliança Bike, fez apresentação dos resultados da Pesquisa Anual de Comércio Varejista de Bicicletas (2019)


A primeira mesa de debates do dia, "Visões do mercado de bicicletas no Brasil", com mediação de Victor Andrade (LABMOB - UFRJ)


Lado a lado, a Abraciclo (Cyro Gazola, à dir.) e Aliança Bike (Giancarlo Clini - centro) debateram o futuro do mercado de bicicletas no Brasil. Também na mesa, Renata Falzoni (Bike é Legal) e Tomas Martins (à esq.), da Tem Bici

Peter Kronstrøm, diretor para América Latina do Instituto para Estudos do Futuro de Copenhague "Mobilidade Futura - Múltiplas Revoluções de Transporte no Horizonte", no evento no Mobilab, em São Paulo


Victor Hugo, sócio da Vela Bikes, falou da sua experiência como empreendedor e "O caminho para produção em série de uma bicicleta elétrica brasileira"

O EVENTO

As boas-vindas ficaram por conta da Consulesa da Dinamarca no Brasil, Tina Gottlieb, que falou sobre a situação cicloviária em seu país e o contraste encontrado na cidade São Paulo.

Daniel Guth, da Aliança Bike, fez a apresentação dos resultados da Pesquisa Anual de Comércio Varejista de bicicletas, colhida durante os dois eventos que movimentaram a capital paulista em agosto, Shimano Fest e Bike Brasil.

Em seguida, foi a vez dos debates divididos em três mesas: "Visões do mercado de bicicletas no Brasil", com mediação de Victor Andrade (LABMOB - UFRJ), em que estiveram lado a lado, as duas principais entidades representativas do mercado ciclístico, Aliança Bike, representada pelo seu diretor Giancarlo Clini e Abraciclo, representada pelo seu vice-presidente, Cyro Gazola.

Após as considerações de todos os participantes, foi aberto espaço para perguntas, em que o diretor de Redação da Revista Bicycle, Eduardo Santos, presente no evento, questionou o anfitrião, momento em que acirrou o debate:

"Eu sou Eduardo Santos, da Revista Bicycle. Também sou decano como alguns componentes da mesa, pois estou há praticamente 30 anos no mercado. 
Antes de começar esse debate, nós vimos a apresentação dos dados mercado da pesquisa de comércio varejista e verificamos algumas situações particulares à respeito da indústria. Eu discordo um pouquinho do Gian (Giancarlo Clini, diretor da Aliança Bike, quando ele fala que a indústria está em crescimento, mas a gente está aqui diante de um anuário da Abraciclo (apresenta o Anuário da Indústria Brasileira de Duas Rodas, edição 2019), que mostra que do ano de 2008, quando a gente tinha 5.300.000 bicicletas sendo produzidas, e hoje não são mais que dois milhões e meio. Ou seja, a indústria perdeu 3 milhões de bicicletas no período de 10 anos, em termos de disponibilidade do produto para o mercado. E também com relação à questão das importações, que em 2012 somavam 316 mil bicicletas que eram importadas, e que no ano passado, ainda segundo os dados da própria Abraciclo, mostram 117 mil, ou seja, teve queda considerável.

Minha pergunta é um pouco mais específica a respeito da própria constituição da Aliança Bike, que se deu função dos importadores e fomentou isso. É sobre a questão da importação. Vocês falavam da questão tributária, que existe uma legislação específica para importação de bicicleta. Ela caiu drasticamente como esses números que acabei de apresentar. (Vale notar que, logo após 2011, há uma diminuição significativa no número de bicicletas importadas. Esse que pode ser efeito da alíquota do importação ocorrida naquele ano, quando passou de 20 para 35%.)
Como diretor da Aliança Bike, v
ocê (Giancarlo Clini) tem conhecimento da prática de transfer price por empresas como Trek e Specialized, e também pelo Dorel Group, com Cannondale? E isso é uma vantagem competitiva para estas marcas?"

Giancarlo Clini (Aliança Bike): "Duas questões. A primeira é que a indústria, em termos de volume, de quantidade ela se retraiu, mas o mercado cresceu. Isso por questão de valor agregado de produto. O grande desafio é voltar, manter esse crescimento de faturamento, e ainda abordar aquela bicicleta que fazia esse volume e que era utilizada no dia-a-dia das pessoas, que hoje não é mais. Então a gente tem aí uma oportunidade, se a gente conseguir resgatar esse mercado.
Essa outra questão, eu não tenho conhecimento desta prática. De vez em quando, os números da receita, apesar de saber que não é fácil coletas essas informações, mas em alguns momentos a gente tira um relatório e pelo NCM (Nomenclatura Comum ao Mercosul). de bicicleta e principalmente destas marcas que você citou é muito fácil identificar o produto, e o valor FOB declarado, então, e com isso, em nenhum momento eu identifiquei nada que levantasse alguma questão, até porque como, talvez o único importador dessas marcas, do mercado independente somos nós. Os outros são todos vinculados a uma subsidiária brasileira de uma grande marca mundial. E nós temos conseguido fazer o nosso trabalho ao longo destes anos, inclusive com uma política de preço normal, em relação às outras marcas, acredito que isso deixa claro essa prática não existe. Eu nunca consegui pegar."

Cyro Gazola (Abraciclo): Você já me fez pergunta nestes três anos, ligadas a temas como esse, eu queria só colocar e dar uma foto da indústria no Brasil esse ano. Hoje quem está acompanhado os dados que a Abraciclo publica, o nosso ano "startar", com um número de produção crescendo 19%, eu acredito que até o final do ano que tende a regular um pouco e vai crescer, duplo dígito, não sei o número que vai parar, a gente estima na casa de 11%, mas a indústria nacional crescendo, poucas indústrias espalhadas, competentes pelo país, locais, e se não me engano, o Gian pode falar aqui o número das importadoras, mas também tendo um ano razoável, senão um ano bom em termos da penetração e consumo no Brasil. Então o ponto aqui apenas recai, na minha visão é em algum momento vai haver evolução em relação ao patamar que está hoje as práticas de impostos, etc. Colocaria a energia no foco o que a indústria vai fazer, seja ela local, seja ela importada, para  trazer cada vez mais a tecnologia e acessibilidade para o consumidor. Querendo ou não, você deve estar vendo. Tá vendo o que está acontecendo com a indústria fazendo para trazer tantos plataforma de aço, quando alumínio, essa acessibilidade, a qualidade e tecnologia, você esteve no Shimano Fest, nos últimos 2 ou 3 anos, com a gente, eu nunca vi tanto investimento, não só indústrias pelas locais, quanto pelas globais, para trazer essa competitividade. Estou falando de uso para consumo, diferente de caso de empresas "full", e aí o próprio Tomas Martins (Tem Bici) é o investidor, uma indústria de montagem, aqui deste ponto da parte de infraestrutura, ela é impactante, não vou desmerecer isso, mas o dado da indústria, o foco não só de discutir modelos e de pegar esse pequeno detalhe, pensar um pouco mais grande.

Giancarlo Clini (Aliança Bike): "Só um ponto sobre a importação, se a gente for olhar os números, realmente houve uma redução considerável no número de bicicletas importadas no Brasil, esse movimento se iniciou quando houve a inclusão da bicicleta na lista de exceção, e aquilo foi naquele momento um choque. Um choque para o mercado de bicicletas importadas. Eu enxergo, talvez na minha forma de pensar e de atuar, um desafio naquele momento, mas também, vamos dizer um mal necessário, quando falo mal necessário porque criou uma área de conforto, que fez com que outras empresas resolvessem ir lá para Manaus e investir lá seus 200 milhões de reais para construir essas fábricas que existem hoje. Como eu disse, Manaus se beneficia do investimento que está voltando para o consumidor, em eventos, uma série de coisas, que essas indústrias têm condições de fazer. Já falei para o Cyro isso, isso para mim é um ciclo, que para mim, que não é perpétuo, ou seja, é uma lista de exceções, isso tem que, no momento correto, tem que acabar, mas isso é a partir de um plano, que tem de ser traçado em conjunto, realmente para tornar o mercado de bicicletas brasileiro maduro o suficiente para conviver com outros mercados lá fora. Por que aconteceu isso? Normalmente eles não estão conseguindo exportar, e a gente vai ter condições de oferecer mais produtos, também importados, com preço melhor para esse consumidor, todo mundo vai ganhar no momento que houver a reforma tributária. Realmente a importação caiu drasticamente, e muitas empresas que eram importadoras, de 2010 para cá deixaram de existir, porque o jogo ficou muito difícil, isso aí eu posso falar com conhecimento de causa, mas também acaba abrindo uma janela de oportunidades, porque você se força a se reinventar."

A segunda mesa contou com a intermediação Adriana Marmo (Aliança Bike) e discutiu as Oportunidades para o setor de bicicletas e teve a participação, entre outros de Peter Kronstrøm, do Instituto para América Latina de Estudos do Futuro de Copenhague "Mobilidade Futura - Múltiplas Revoluções de Transporte no Horizonte", que mostrou como o seu instituto analisa o chama de "The Big Picture" (A grande foto, tradução literal), em que através de 14 pontos centrais, como economia global, sustentabilidade, globalização, entre outros, procura estabelecer conexão com o que vivemos na atualidade e o que será visto no nosso futuro.

Por fim, a 3ª. mesa, Bicicletas elétricas: desafios e casos de sucesso, com mediação de Julie Lind Madsen (Embaixada da Dinamarca), contou com a participação do capitão PM Rondonelo, do 7° BAEP - Batalhão de Ações Especiais de Polícia (São Paulo) representando o Coronel Álvaro Batista Camilo (Secretário Executivo da Secretaria de Segurança Pública do Estado de SP), que falou sobre "O uso de bicicletas elétricas nas operações da Polícia Militar".

Nesta rodada final, também estavam Gabriel Arcon, CEO da E-moving, que mostrou "O potencial de substituição do automóvel pela bicicleta elétrica através do sistema de locação" e Victor Hugo, sócio da Vela Bikes, que falou da sua experiência pessoal como empreendedor e "O caminho para produção em série de uma bicicleta elétrica brasileira".



autor do artigo

Eduardo Santos

Diretor de Redação da Revista Bicycle

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